Em uma noite aparentemente comum em uma favela do Rio, por sinal em dia de baile funk, um tiroteio acontece e as vidas de três homens vão se colidir. André e Neto são grandes amigos que entraram juntos na corporação policial, porém encontram obstáculos dentro da policia, cheio de sonhos e vontades, um agia com a mente (André) e o outro com o coração (Neto). E nesse emaranhado encontra-se o capitão Nascimento do BOPE, que está vivendo uma tormenta, tanto no trabalho quanto na vida pessoal e com o encontro com esses dois jovens policiais faz com que Nascimento finalmente encontre o seu substituto para o BOPE, a tropa de elite.
Em um ano onde a internet se tornou um efeito com danos irreparáveis para o cinema, a mais nova “vitima” o filme Tropa de Elite de José Padilha, o mesmo do documentário ônibus 174, e que conta no elenco misto entre atores globais (ou não) como Wagner Moura, Caio Junqueira, André Ramiro, Fernanda Machado, Fernanda de Freitas e que trata de um tema delicadíssimo que é sobre o BOPE, a tropa de elite da cidade do Rio de Janeiro.

Antes de comentar sobre o filme, um fato que se torna cada vez mais inegável tanto para os cinéfilos, quanto para o mundo do cinema em geral que são os suspeitos e enigmáticos vazamentos de filmes pela internet, mas não daqueles que saem no cinema e sempre vem um rapaz se achando o cara e grava porcamente um filme e divulga na net. Não, a situação é mais melindrosa e mais complicada do que se imagina, por que em algumas situações, copias da produtora são muitas vezes por pessoas da própria empresa e faz a venda ilegal ou divulga o filme na net. E muita vez pode ser mais um motivo para o filme fracassar ou não.
Outro fato pertinente do filme é claro, a força eletromotriz do filme, a policia e seu papel. O filme questiona de uma maneira até que curiosa sobre o sistema de segurança do Rio na década passada e nos últimos anos, as coisas não mudaram tanto assim (pode ter melhorado ou não), outro fato também que faz questionar é como apesar de terem a mesma função (no qual se baseia em segurança do estado e da população) são tão distintos da realidade onde se vive. Também mostra a insatisfação da corporação com o baixo salário que o estado dá aos seus funcionários deixando assim moralmente frágeis e em alguns casos a corrupção e trabalhos extra-corporativos (em alguns casos ilícitos).
E nesse universo tão distorcido e tão real, existe o BOPE, a tropa de elite da policia carioca, que apesar ser parte da policia militar, exerce uma função totalmente diferente da própria policia e ela não poupa esforços para isso. Durante o longa percebemos nas palavras edificantes do Capitão Nascimento de como o BOPE não tolera impunidade em nenhum grau, prova disso é como ele trata alguns corruptos que tentam entrar no BOPE e não conseguem. Também o filme mostra o duro treinamento da força de elite, fazendo até pior do que a SWAT e o exercito.
O roteiro se baseia no livro Elite de Tropa de Luis Eduardo Soares e de mais dois policiais, André Batista e Rodrigo Pimentel. E como na maioria das adaptações de livros do cinema, o caldo do livro não está 100% no filme e a narrativa do personagem Nascimento soa em determinados momentos pretensiosa, mas isso não atrapalha e faz com que alcance a massa com sua narrativa ágil.

As atuações do filme são algo de outro nível, principalmente para Wagner Moura que para alguns é um grande ator, mas que nesse filme conquistou toda a minha atenção (por que cara que atua em novela no Brasil não atua... finge que faz algo) fazendo um personagem que demonstrava segurança em seu trabalho e instabilidade na vida pessoal, uma grande atuação sem duvida. Também André Ramiro e Caio Junqueira fazem atuações fortes para esse tipo de filme. Também tem duas atrizes globais, Fernanda Machado faz uma atuação um pouco acima da media do que ela faz na novela Paraíso Tropical e Fernanda de Freitas faz o papel da vida dela. Mas o resto são atuações de alto nível.
Junto com uma quase impecável direção de José Padilha, com atuações memoráveis de todo o elenco, destacando-se mais Wagner Moura, e com uma linguagem que é ao mesmo tempo, povão e de alto nível (coisa que poucos filmes nacionais conseguem juntar) tornam um dos candidatos ao melhor filme desse ano e ainda mais, se a bilheteria brasileira computasse as vendas de dvd pirata, o filme poderia bater recordes de bilheteria. E diferente e inexplicavelmente eficiente do que nos EUA, os responsáveis de quem divulgaram o filme na NET serão devidamente punidas, provando que o sistema penal brasileiro funciona para algumas áreas, outras... É melhor nem citar.
JP Rodrigues
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