
Quando “Os Simpsons” estreou nas televisões americanas há mais que 18 anos, a série inovou e surpreendeu. Trazia uma família amarela, mal desenhada e disfuncional em um desenho que não era indicado para as crianças. O pai era bêbado, a mãe frustrada, o filho uma peste e a filha idealista. Tudo isso com piadas politicamente incorretas ao longo de cada episódio junto com sátiras políticas e religiosas sendo que a base de tudo isso já era uma grande gozação com as famílias americanas de classe-média. O sucesso foi imenso e hoje a série ainda é exibida (a 19ª temporada estréia em outubro nos EUA), agora no mundo todo, tendo em seus personagens verdadeiros ícones. Um filme já estava demorando para sair, e esse ano, finalmente estréia Os Simpsons – O Filme, e o resultado não é nada decepcionante.
No filme Homer se encanta por um porco e acaba por fazer a maior burrada de sua vida, poluindo o lago de Springfield, colocando a cidade em perigo e abalando seu relacionamento com Marge. E essa é a premissa básica do filme e tudo o que foi revelado antes da estréia.
Agora, a pergunta que não quer calar: é um episódio mais longo da série? Talvez possa até ser, mas na hora de fazer o filme, os realizadores trataram de diferenciar cinema de TV em certos aspectos: a técnica está bem melhor, e quando vemos a população de Springfield caminhando com tochas, dá pra distinguir o rosto de cada um dos personagens. O roteiro está mais bem amarrado, com começo, meio e fim muito bem definidos e o filme tem mais piadas por minuto do que qualquer episódio da série já foi capaz.
E talvez esse seja seu ponto mais forte: o filme é absurdamente hilário. Desde o começo com Comichão e Cocadinha, até a última cena o riso é garantido. Trazendo o humor politicamente incorreto da série, o filme também se deu direito a algumas ousadias a mais, como um nu frontal de Bart (que, acreditem, é importante para a história) em uma cena que leva o cinema inteiro às gargalhadas. Além do mais os produtores acertaram em serem mais objetivos no filme. Poucas cenas estão lá simplesmente por estar, sendo que a maioria tem alguma função na história e quando aparece uma cena “inútil” é por um bom motivo (como uma piada com a Fox).
Com isso, o filme é bem curtinho, 87 minutos de duração, mas o tempo é bem gasto e quase todas as dezenas de coadjuvantes da série estão lá: Ralph, Krusty, Clétus, Moe, Barney, Lenny, Apu, Sr. Burns e Smithers (que aparecem pouco, mas compensam o tempo em cena), o Vovô e, principalmente, Ned Flanders, com quem Bart desenvolve um relacionamento mais afetivo. E também novos personagens, como o garoto irlandês Colin, por quem Lisa se apaixona e o grande vilão do filme, o chefe da Agência de Proteção Ambiental.
Assim, o que se vê no cinema pode até ser um episódio maior, mas isso não deve impedir ninguém de sentar na poltrona do cinema e se matar de rir por quase uma hora e meia. Afinal, foram quase 20 anos de espera, e valeu a pena.
PS: Durante e após os créditos há varias cenas extras, incluindo a primeira palavra de Maggie.
Nota 9
Viníccius Boaventura |