Revista Nerd
segunda-feira, 27 de agosto de 2007
Tapete Vermelho em Gramado
A Serra Gaúcha celebra a 35ª edição do Festival de Cinema de Gramado em semana de falhas e prêmios

O 35º Festival de Cinema de Gramado, outrora o mais importante festival de cinema do Brasil, perdeu espaço com o tempo e hoje divide os holofotes com outros eventos nos quatro cantos do país. Por isso, tem investido em renovação para voltar aos tempos de glória. Uma renovação que inclui a volta de filmes mais autorais do que filmes comerciais, que faziam encher o tapete vermelho de astros e estrelas por obras sem conteúdo.
Na noite de estréia, uma recepção fraca marcou o início do festival. O primeiro longa exibido foi o documentário “Castelar e Nelson Dantas no País dos Generais”, do mineiro Carlos Prastes, teve um público pequeno e que aplaudiu a obra mais por educação do que por entusiasmo. Em seguida foi a vez de Paulo Nascimento ver seu drama “Valsa para Bruno Stein”, com Walmor Chagas e Ingra Liberato fazer o povo chorar de tanto rir devido aos equívocos do diretor em algumas cenas.

Gramado teve uma semana de altos e baixos, principalmente, por causa de falhas na organização. Primeiro foi a exibição do documentário “Cocaleros”, do argentino Alejandro Landes, que acompanha os últimos 60 dias da campanha de Evo Morales à presidência da Bolívia, que obrigou o público a assistir a versão em DVD de serviço – que apresenta a cada cinco minutos uma mensagem contra a pirataria – pois a versão em película não chegou a tempo. Depois, foi a utilização da janela errada (janela de enquadramento que se ajusta ao tamanho da película) que interrompeu a exibição do filme “Olho de Boi”, de Hermano Penna. E, por fim, os prêmios especiais concedidos por um júri de universitários a categorias técnicas que não foram anunciados oficialmente na cerimônia de premiação e, a organização se retratou argumentando que se trata de “um projeto experimental que busca inserir estudantes no contexto técnico de avaliação das produções cinematográficas do Festival de Cinema de Gramado”. Porém, só esqueceram de avisar aos jovens que passaram a semana avaliando os filmes que eles não teriam seus prêmios anunciados.

O grande vencedor oficial nacional foi “Castellar e Nelson Dantas no País dos Generais”, eleito melhor filme. “Deserto Feliz” deu a Paulo Caldas o Kikito de Melhor Diretor e também Melhor Filme do Júri Popular, Prêmio da Crítica e Melhor Fotografia. Gustavo Machado escolhido Melhor Ator por “Olho de Boi”, que ainda deu a Marcos Cesana a honraria de Melhor Roteiro. Ingra Liberato como Melhor Atriz por “Valsa para Bruno Stein” e o Prêmio de Qualidade Artística para “Condor” encerram a lista.

Entre os estrangeiros “Nacido y Criado”, do argentino Pablo Trapero levou os Kikitos de Melhor Filme, Melhor Diretor e Melhor Fotografia. O mexicano “O Cobrador” ganhou o Prêmio Especial do Júri. Mas quem brilhou mais foi “El Baño del Papa”, com cinco Kikitos: César Troncoso – Melhor Ator, Virginia Méndez – Melhor Atriz, Melhor Roteiro, Melhor Filme do Júri Popular e Prêmio da Crítica.

Entre os curtas de 35mm “Alphaville 2007 d.C.” de Paulinho Caruso ficou com Melhor Filme e “Satori Uso”, de Rodrigo Grota ganhou o Prêmio da Crítica.

Gramado também abre as portas para mostras paralelas à competição oficial. O filme “Ponto de Vista”, do gaúcho Cristiano Aquino venceu o prêmio de melhor filme da 31ª Mostra Competitiva de Cinema Super 8 do Festival de Gramado. O sexto troféu Eduardo Abelin foi entregue à Casa de Cinema de Porto Alegre, uma produtora independente que surgiu há 20 anos com a união de quatro produtoras menores. Hoje é referência nacional e responsável por obras como “O Homem que Copiava”(2003) e o recente “Saneamento Básico – O Filme”, ambos de Jorge Furtado. “Rolex de Ouro” de Beto Rodrigues venceu a Mostra Gaúcha.

Além disso, entre os dias 10 e 12 de agosto ocorreu o 2º Granimado – Festival de Animação de Gramado. Foram inscritos 141 curtas-metragens e videoclipes. Além da presença de três longas exibidos especialmente pela comemoração de 90 anos da animação no Brasil: “Rocky e Hudson”, de Otto Guerra; “Brichos”, de Paulo Munhoz; e, “Garoto Cósmico”, de Alê Abreu. O Granimado oferece diversas atividades gratuitas como palestras, oficinas e debates. Além de uma integração com profissionais canadenses, numa parceria para ampliar as possibilidades técnicas da realização de animação no Brasil.

Possivelmente, o grande momento dessa 35ª edição do Festival de Gramado tenha sido a entrega do Troféu Oscarito à Zezé Motta, em homenagem à sua carreira de 40 anos, que inclui filmes como “Vai Trabalhar Vagabundo” (1973, de Hugo Carvana) e “Xica da Silva” (1976, de Cacá Diegues). A atriz de 62 anos muito feliz com a festa distribuiu sorrisos contagiantes na noite gaúcha.

Agora só nos resta esperar por 2008 e ver se os organizadores conseguem corrigir as falhas grotescas que ocorreram nesse ano, como mostra de respeito ao público que compareceu ao evento e retomar o prestígio desgastado.

Fernando Fonseca
posted by Revista Nerd @ 09:17  
0 Comments:
Postar um comentário
<< Home
 
Seções
Colunas
Artigos Anteriores
Arquivo
Colaboradores
    Sasquash Cavalera
    Cristiano Ludvig
    Phillip Gruneich
    Fernando Fonseca
    João Paulo Rodrigues da Silva
    Paulo Henrique Marinho
    Gustavo Grandino Gobbi
    Viníccius Boaventura
    Nicolas Trevizan
    Pony
Contato
revistanerd@gmail.com
Powered by

Free Blogger Templates

BLOGGER